Urna funerária. Escamarão, concelho de Cinfães, junto à confluência do Rio Paiva com o Rio Douro.
(...)
Segundo a história contada por Adriano Strecht, Dom Lopo de Cardia tomou-se de afeição por Maria, filha de um foreiro do lugar de Avessadas, onde lhe cultivava as terras. Querendo desfrutar-se da rapariga, pretendeu usar da prerrogativa feudal do direito de pernada, impondo-lhe marido, para depois com ela passar a noite de casamento.
Maria contudo escolhera a vida de monja. E quando na capela do Escamarão, perante o povo que a enchia, o sacerdote paramentado procedia ao cerimonial de aceitação dos votos da prometida de Cristo - renunciar ao mundo e obedecer à regra de S. Bento, viver em pobreza, abstinência e castidade - Dom Lopo irrompeu porta dentro, protestando enraivecido contra a usurpação dos seus direitos.
Num gesto sacrílego e de profunda arrogância, apoderou-se de Maria e pretendeu concretizar a sua luxúria levando-a para sua casa senhorial, o Paço da Cardia.
O castigo de Deus foi implacável.
Do opulento solar de Cardia para onde se dirigiu o senhor feudal, só encontrou ruínas. Tornando ao Castelo, ao Castelo na foz do Paiva, mal põe o pé na ponte levadiça o morro onde se situava estremeceu. O Castelo ruiu num repente, esboroou-se nas águas e Dom Lopo com ele, atingido de morte.
Quando depois lhe recolheram o corpo para o sepultarem, nem a terra nem a tumba o aceitaram. Na Igreja,
«... a entrada, lhe vedou a imagem
Do Anjo S. Miguel, que era descido
Do seu altar e com o seu montante
Da porta é sentinela vigilante».
A arca de granito onde se propunham guardar os restos mortais de Dom Lopo igualmente o rejeitou, erguendo-se e permanecendo ao alto, e os esforços para o enterrarem na terra foram baldados, que nem a terra o quis. O corpo do devasso Senhor desapareceu na noite desse dia e na noite dos tempos.
Assim conta a lenda de «O Penado do Escamarão», recriada pelo génio imaginativo de Adriano Strecht.
A arca tumular, essa permanece no local, vazia e ao alto, hoje a servir de apoio a uma escada de uma casa fronteira à Igreja.
E, seguindo a trama da história e a crença do povo que diz que «...em certas noites tempestuosas se ouve, perto da Igreja do Escamarão, uma voz lamentosa cantar o Miserere», acrescentando também que faz soar uma campainha, apetece interrogar aquela pedra que ali se mantém (...)
Igreja de S. Miguel de Escamarão
Igreja de Nossa Senhora da Natividade em Escamarão, na Freguesia de Souselo – que foi na época medieval um dos mais importantes Coutos do concelho – é de remota fundação e de interessantes características arquitectónicas. Apesar de ser de pequenas dimensões, tem um grande significado histórico, nomeadamente pelas manifestações artísticas que apresenta. São de admirar, o arco cruzeiro na nave, os painéis de azulejos hispano-árabes e o retábulo-mor em talha do século XVII onde está uma imagem de Nossa Senhora da Natividade. No exterior, destaca-se o pórtico desta igreja gótico-românica e a janela gótica geminada existente na ábside que demonstra já indícios do período gótico flamejante.
Juliana e Cátia 11ºD
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Segundo a história contada por Adriano Strecht, Dom Lopo de Cardia tomou-se de afeição por Maria, filha de um foreiro do lugar de Avessadas, onde lhe cultivava as terras. Querendo desfrutar-se da rapariga, pretendeu usar da prerrogativa feudal do direito de pernada, impondo-lhe marido, para depois com ela passar a noite de casamento.
Maria contudo escolhera a vida de monja. E quando na capela do Escamarão, perante o povo que a enchia, o sacerdote paramentado procedia ao cerimonial de aceitação dos votos da prometida de Cristo - renunciar ao mundo e obedecer à regra de S. Bento, viver em pobreza, abstinência e castidade - Dom Lopo irrompeu porta dentro, protestando enraivecido contra a usurpação dos seus direitos.
Num gesto sacrílego e de profunda arrogância, apoderou-se de Maria e pretendeu concretizar a sua luxúria levando-a para sua casa senhorial, o Paço da Cardia.
O castigo de Deus foi implacável.
Do opulento solar de Cardia para onde se dirigiu o senhor feudal, só encontrou ruínas. Tornando ao Castelo, ao Castelo na foz do Paiva, mal põe o pé na ponte levadiça o morro onde se situava estremeceu. O Castelo ruiu num repente, esboroou-se nas águas e Dom Lopo com ele, atingido de morte.
Quando depois lhe recolheram o corpo para o sepultarem, nem a terra nem a tumba o aceitaram. Na Igreja,
«... a entrada, lhe vedou a imagem
Do Anjo S. Miguel, que era descido
Do seu altar e com o seu montante
Da porta é sentinela vigilante».
A arca de granito onde se propunham guardar os restos mortais de Dom Lopo igualmente o rejeitou, erguendo-se e permanecendo ao alto, e os esforços para o enterrarem na terra foram baldados, que nem a terra o quis. O corpo do devasso Senhor desapareceu na noite desse dia e na noite dos tempos.
Assim conta a lenda de «O Penado do Escamarão», recriada pelo génio imaginativo de Adriano Strecht.
A arca tumular, essa permanece no local, vazia e ao alto, hoje a servir de apoio a uma escada de uma casa fronteira à Igreja.
E, seguindo a trama da história e a crença do povo que diz que «...em certas noites tempestuosas se ouve, perto da Igreja do Escamarão, uma voz lamentosa cantar o Miserere», acrescentando também que faz soar uma campainha, apetece interrogar aquela pedra que ali se mantém (...)
Igreja de S. Miguel de Escamarão
Igreja de Nossa Senhora da Natividade em Escamarão, na Freguesia de Souselo – que foi na época medieval um dos mais importantes Coutos do concelho – é de remota fundação e de interessantes características arquitectónicas. Apesar de ser de pequenas dimensões, tem um grande significado histórico, nomeadamente pelas manifestações artísticas que apresenta. São de admirar, o arco cruzeiro na nave, os painéis de azulejos hispano-árabes e o retábulo-mor em talha do século XVII onde está uma imagem de Nossa Senhora da Natividade. No exterior, destaca-se o pórtico desta igreja gótico-românica e a janela gótica geminada existente na ábside que demonstra já indícios do período gótico flamejante.
Juliana e Cátia 11ºD
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